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AGRUPAMENTO 0028 SÃO TORCATO - GUIMARÃES



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A Nossa História...


"Uma Família, Uma História..."


Fazer um historial é de facto uma tarefa muito difícil, o reunir de dados, a longevidade do agrupamento, a falta de documentos, o facto de alguns dos elementos da fundação e anos seguintes, já terem falecido e o elemento mais velho do agrupamento, no activo, ter entrado para este, quando o mesmo já tinha 25 anos de vida, foram fortes motivos para tornar árdua a tarefa que nos acompanhou e acompanhará nesta pesquisa sem fim; Porque, história é o dia a dia e como tal, vamos ter sempre algo a acrescentar na mesma. Assim, tudo o que conseguimos até ao momento, foi-nos gentilmente cedido pela memória de alguns elementos que fizeram parte do agrupamento, ainda vivos, que compreensivelmente não se lembram de todos os pormenores e de alguns documentos, poucos, que ainda temos no nosso arquivo morto. De salientar nestas conversas a alegria com que as pessoas contactadas falavam desses tempos, das dificuldades que eram ultrapassadas com espírito de entre ajuda, as caminhadas com as mochilas ás costas, os acampamentos ou qualquer outra actividade, eram de facto motivo de grande regozijo e empenhamento por parte de todos. Como nota de destaque, com este trocar de ideias com antigos escuteiros, constatamos que é significativa a quantidade de Torcatenses que passaram pelo agrupamento, e que a maioria das famílias de S. Torcato tiveram alguém ligado aos escuteiros.
Claro que um projecto destes, não pode ser pensado de animo leve, sob pena de colocarmos no papel algumas situações que podem não corresponder à verdade, daí o nosso pedido de desculpa antecipado se por ventura algumas das situações depois de serem lidas não corresponderam aos factos. Se estas situações acontecerem agradecemos que nos sejam levantadas as questões, para podermos rectificar.
Foi-nos pedidos os primeiros anos, abaixo vai aquilo que conseguimos dos primeiros anos, no entanto, quando se faz pesquisa, vão aparecendo situações que merecem se frisadas embora já estejamos em fase mais avançada, pelo que, se nos próximos documentos que enviarmos estas situações acontecerem não se admirem, são os frutos de fazermos trabalhos deste género por partes.
Por ultimo, agradecemos ao Indaba por este forte empurrão, porque a obrigatoriedade de fazer o historial para a sua publicação, pôs o agrupamento a mexer neste sentido com muito maior responsabilidade, porque já se tentou de outras vezes este empreendimento e não conseguimos dar-lhe saída, mas desta vez com esse empurrão e a ajuda de Deus estamos a dar seguimento ao mesmo, já que pensamos futuramente deixar em livro as memórias do escutismo em S. Torcato.


Deus quer, o homem sonha a obra nasce, foi assim há cinquenta e seis anos na então freguesia de S. Torcato, liderado pela mão do ilustre Pároco, Guilhermino Arieira, na altura com 23 anos, pleno de juventude, força e fé para enveredar por caminhos antes nunca trilhados, nasceu o projecto Agrupamento 28. Recentemente chegado à Paroquia para ajudar o Pároco desta freguesia, o Padre Henrique, trazia no bolso a semente do escutismo para lançar nesta terra que se tornaria fértil no crescimento até aos nossos dias. Natural de Viana do Castelo o Padre Arieira tinha já conhecimento de causa no que ao escutismo dizia respeito, decorria então o ano de mil novecentos e quarenta e seis.

Para meter mãos à obra o Padre Arieira, convidou a D. Rosa Maria Martins, professora da escola primaria que viria a ser a primeira Aquêla do agrupamento, Maria da Conceição Faria Abreu que viria ser Aquêla adjunta, Sr. Júlio Silva que viria a ser o primeiro Chefe do “grupo” Explorador e contou ainda com aquela que viria a ser a primeira madrinha do agrupamento a D. Virgínia.



A campanha para angariação de elementos começou na catequese e continuou com o convencer alguns pais a deixarem os miúdos enveredarem por uma associação que tinha muito para dar à juventude, lembre-se que estávamos em mil novecentos e quarenta e seis / quarenta e sete, os recursos económicos de grande parte das famílias da freguesia eram parcos e os pais tinham alguma dificuldade em deixar os filhos entrarem em qualquer associação, com medo que estes aumentassem a despesa familiar, assim, e fazendo frente a esta necessidade, pensamos que nasceu a primeira campanha de fundos em prol do Agrupamento, o Padre Guilhermino Arieira com o fim de uniformizar os elementos e não prejudicar o orçamento familiar dos primeiros escuteiros de S. Torcato, vendeu lã para fazer camisolas de porta em porta. O teatro foi o passo seguinte, não perdendo a embalagem o Padre Arieira convidou algumas pessoas para fazerem algumas peças de teatro com o mesmo fim.

Do embrião nasceu os primeiros três bandos, o Branco o Preto e o Cinzento e a primeira patrulha, a Andorinha que ficou anexada à alcateia dado não ter quórum para fazer um grupo, eram necessárias pelo menos duas patrulhas.
As primeiras reuniões, foram efectuadas no “Casão” da Irmandade, primeira sede dos escuteiros, hoje museu de arte sacra e sede da própria irmandade. Pelos testemunhos que tivemos nesta primeira sede não estivemos mais que 5 anos, pelo que a mudança para a nossa sede terá sido na década de cinquenta.

A formação para as primeiras promessas e organização do agrupamento foi elaborada com a grande ajuda dos já alguns experientes e gentilmente indicados pelo núcleo de Guimarães chefes, Maia, Melo, Santos e Adelino.

A 8 de Dezembro de 1947, começa a contagem da idade do agrupamento de escuteiros, na Igreja Paroquial de S. Torcato onde são efectuadas as primeiras promessas de Lobitos, Exploradores e de Dirigentes, presidida pelo padre Henrique e seu coadjutor Padre Guilhermino Arieira e alguns dos elementos foram:

Promessa de Lobito
- Artur da Silva Fernandes
- João Manuel de Abreu Fernandes
- Torcato Duarte Macedo
- João da Silva Fernandes
- Manuel Teixeira Novais
- José Lamelas Oliveira
- Reinaldo Fernandes Martins
- Alberto Fernandes Martins

Promessa de Explorador
- Francisco Assis Amorim da Silva
- Torcato Assis Amorim Silva
- Joaquim Ferreira Oliveira Guimarães
- António Joaquim Fernandes Oliveira
- Joaquim Carvalho Silva

A direcção do agrupamento ficou assim constituída:
- Assistente: Padre Guilhermino Arieira
- Secretário: Professor, Francisco Duarte Macedo
- Chefe da Alcateia: Professora D. Rosa Maria Martins
- Chefe adjunta da Alcateia: D. Maria da Conceição Faria Abreu
- Chefe dos exploradores: Sr. Júlio Silva



Em 1948 entra para o movimento aquele que se tornaria o primeiro Chefe de agrupamento, o Sr. Arménio Martins Cunha.
Dão entrada no agrupamento mais um grupo de elementos que vão dar corpo aos exploradores, a patrulha Andorinha deixa de estar anexada à alcateia e formam o grupo explorador nº 86. Também é nesta altura que aparece o primeiro grupo de caminheiros que viria a dar origem ao clã nº 12.


Segundo testemunho de um antigo escuteiro, alguns elementos fizeram uma caminhada de S. Torcato até ao Bom Jesus em Braga, para poderem participar no VIII acampamento nacional em Agosto de 1948.

A festa do primeiro aniversário foi vivida com grande entusiasmo, para além da velada de armas no dia 7 de Dezembro a eucaristia do dia 8 dia de Nossa Senhora da Conceição, teve como ponto alto as promessas de alguns elementos entretanto admitidos no agrupamento. Da parte da tarde houve teatro feito pelos escuteiros, de salientar que de cada vez que os escuteiros actuavam era sinónimo de casa cheia, motivo de grande regozijo para o próprio agrupamento. Estas jornadas tinham a dupla função entretenimento para a freguesia e angariação de fundos.

Nos primeiros tempos o escutismo em S. Torcato viveu com algumas incertezas no que ao rumo dizia respeito, alguns testemunhos atestaram o facto de que haviam dirigentes que queriam o escutismo mais no sentido, social e desportivo, outros queriam no sentido para o qual o mesmo foi criado, seguir o método criado por Baden Powell, caminhando em direcção ao Criador, Deus Pai. Esta diferença de opiniões geraram um entra e sai do agrupamento de dirigentes e elementos provocando algumas instabilidades.

Foi ainda nos primeiros anos de vida que o agrupamento adquiriu um tambor e um clarim, seria o inicio para a compra da primeira fanfarra, que foi e é em grande parte, uma forte ajuda na fonte de equilíbrio financeiro nos orçamentos do agrupamento e no embelezamento das procissões de carácter religioso.

Em conversa com um elemento fundador, o Sr. António Joaquim Fernandes Oliveira, que chegou a ser chefe de grupo, embora nunca tenha sido investido, ficou bem vincado o gosto, a responsabilidade e a rigidez que na altura eram encaradas as formaturas e os desfiles em que o agrupamento participava e que o clarim era o tónico para que estas actividades saíssem com o fulgor que as caracterizavam. Sem nunca ter tocado em qualquer fanfarra as marchas eram tiradas de ouvido e outras eram inventadas. Contou ainda o orgulho que sentiu quando foi convidado para um desfile da peregrinação à penha, que se encontrou lá com alguns tocadores de clarim já com algum traquejo, e como ficou nervoso quando lhe pediram para tocar a marcha da continência, saindo bem desse desiderato esteve com o seu clarim nos pontos altos dessa peregrinação. Conta ainda este antigo escuteiro que era nessa época um grande orgulho ser convidado para tocar nessa procissão e que os clarins do agrupamento eram bastante requisitados para inaugurações.

Foi pelo convite deste que o terceiro chefe da história do agrupamento deu entrada neste, o chefe Armando José Fernandes.




Com altos e baixos, afinal do que a vida é feita, foram correndo os anos, aniversários com acampamentos todos os anos, participação na vida activa nas actividades da paróquia, participação nos aniversários de outros agrupamentos e teatro, foram as principais mós que moveram este moinho. De salientar neste período que o teatro era a principal fonte de receita do agrupamento, havia actuações em todos os aniversários da parte da tarde e no dia de ano novo repetia-se, este chegou a actuar fora da Freguesia, “Arões, Atães e Freitas”, inclusivamente algumas dessas receitas foram para dividir por dois, Escuteiros e União Torcatense, esta foi uma tradição que veio a decair ao longo dos anos até deixar de existir.

O Chefe Arménio Cunha que esteve no cargo de chefe de agrupamento cerca de 20 anos, teve como facto mais relevante a filiação do agrupamento que tem como patrono Nuno Alvares, através da ordem de serviço Nrº 207 de Março de 1961 que ficou assim constituído.


Chefe de Agrupamento: Arménio Martins Cunha
Chefe Adj. de agrupamento: António de Freitas Carvalho
Assistente de Agrupamento: Padre Guilhermino Martins Gonçalves Arieira
Secretário de Agrupamento: João da Silva Fernandes
Tesoureiro de Agrupamento: António da Silva Martins
Instrutor de Agrupamento: Francisco de Assis Amorim e Silva

Fazem parte deste agrupamento:

Alcateia Nrº 14 - S. Torcato
Grupo Nrº 86 - S. João de Brito
Clã Nrº 12 - Stº Antonio

Direcção da alcateia nº 14
Chefe: Maria Augusta de matos Lage
Chefe adjunta: Maria José de Matos Lage e

Chefe adjunta: Maria Delfina Lourentino Gameiro de Amorim.
Instrutora: Maria da Conceição de Oliveira Fernandes

Direcção do grupo nº 86
Chefe: Benjamin da Silva Fernandes
Chefe Adjunto: Armando José Fernandes
Direcção do clã nº 12
Chefe: Francisco: Assis de Amorim e Silva
Chefe Adjunto: Felisberto da Costa Lopes

Em 1964 o agrupamento passa por mais uma crise, ao regressar do estrangeiro regressa ao activo o Chefe Armando, toma conta do grupo, dinamiza de novo o agrupamento.

A recepção ao Exmo. Presidente de Republica Dr. Américo Tomás, aquando da visita deste ao nosso santuário, em 27.05.1966, com formatura e revista aos elementos, com o Chefe Amorim a tocar a requinta, com toda a pompa e circunstância, seguida de desfile da casa do povo até ao santuário marcaram este ano.

Em 1967 o agrupamento conhece novo chefe de agrupamento, o Chefe Carvalho. Supomos que este esteve no cargo cerca de três anos e é sucedido em 1970 pelo chefe Armando, situação ainda não fidedignamente confirmada.


Dia 10 de Junho de 1968, participação com uma dúzia de elementos na peregrinação à penha.
Participação acampamento de aniversário em Brito, dias 12 / 13 de Agosto, com a Patrulha Leão.

No mesmo ano, de 17 a 25 de Agosto o agrupamento 28 participou no XIII acampamento nacional, de Portalegre, na Serra de S. Mamede.

A forma como estes grandes eventos eram vividos nesta altura está nas memórias do chefe Domingos Miranda, que tem num caderno cada minuto vivido, desde o dia em que ficou assente que iria participar pela primeira vez num acampamento nacional. Para a história transcreve-se alguns trechos que julgamos com grande significado.


Alerta escuteiros, nacional à vista...
Ao ler as flores-de-lis que me chegavam todos os meses comecei a entender que ia ser o tempo mais bem passado para qualquer escuteiro que participasse...
Eu também quero ir, o chefe Armando disse-me, isso é que tu fazes bem, é o melhor dinheiro que podes gastar...
Então disse para mim, com fé em Deus, agora vou, aquilo há-de ser bom, então daí para a frente, foi só trabalhar para ir, pronto para tudo, actividades e higiene da alma e fé em Deus, daí em diante só dizia, rapazes quem dera que chegue o dia da partida...
Era meia noite, deitei-me mas não conseguia descansar com medo de adormecer e mesmo as horas, parecia que não passavam... nunca mais davam cinco horas, deu uma, duas, três e passei pelos olhos, quando acordei eram cinco menos um quarto, com medo de não chegar à camioneta, fui rápido, vesti-me peguei na minha mochila, disse adeus à minha avó e fui a correr todo o caminho...

Os elementos que participaram:

Chefes: João Domingos Teixeira Fernandes
Domingos Miranda de Freitas

Elementos: Novais de Carvalho
Luís Gonzaga
Augusto Ramos
Francisco Fernandes
Francisco “Pina”

Em 1970 assume o cargo de chefe de agrupamento o chefe Armando José Fernandes.

Os vários testemunhos que tivemos atestam que no período em que este se manteve no cargo, com excepção dos últimos tempos do seu mandato, em que as ideias começaram a diferir de outros dirigentes, o chefe Armando deu muito ao escutismo, em termos de dinamismo, pedagogia e entrega ao mesmo. Foi no seu tempo que apareceram as aulas de música no agrupamento, se fundou o primeiro coral, cujo ensaiador era o Sr. Padre Branco.

Este chefe testemunhou com muito agrado que a nossa sede foi considerada pelo então chefe de núcleo, Chefe Alves de Oliveira, a sede de escuteiros mais bonita do núcleo, pela originalidade que compunha o seu mobiliário, que era composto por construções em sobreiro, bancos, mesas e estantes da secretaria, o tecto falso desta era de canas, o tecto e paredes da sala de reuniões eram revestidos de colmo e o tecto da actual sala da capela era também revestido com canas. Pela sua originalidade a mobília da secretaria, a pedido do chefe de núcleo esteve exposta em Guimarães. Durante alguns anos esta sede foi considerada sala de visitas de S. Torcato, estiveram algumas figuras ilustres, de entre estas, o ministro da educação da altura, Veiga Simão. Lembrou ainda com alguma ironia a passagem um bivaque efectuado na Boavista em que o cozinheiro de serviço numa panela para meio quilo meteu um quilo de arroz, quando este começou a crescer, foi a atrapalhação total para não deixar fugir o arroz, até uma pedra puseram em cima do têsto, resultado, fome geral.

O chefe Armando entrou para o agrupamento em 1956 e trabalhou no mesmo como chefe adjunto e chefe nos exploradores, esteve como chefe de agrupamento durante sensivelmente 6 anos.